Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares e sua abordagem no manejo da dor lombar crônica

Você conhece as Práticas Integrativas e Complementares? É um termo utilizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para fazer referência ao campo da Medicina Tradicional e Complementar/ Alternativa (MT/MCA). Sabia que esta prática vem sendo preconizada pelo Ministério da Saúde? No Brasil, desde 2006, através da publicação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS tem-se identificado um incentivo a sua implantação principalmente na Atenção Primária, visto ser uma abordagem que busca estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde por meio de práticas eficazes e seguras que corroboram para a integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade.

 

Nessa perspectiva, de acordo com a OMS, observa-se um crescimento substancial na utilização das Práticas Integrativas e Complementares (PIC) na última década, em que os motivos podem estar relacionados ao aumento da demanda causada por doenças crônicas, o aumento de custo com serviços de saúde, insatisfação com os serviços de saúde já existentes e o retorno do interesse por um cuidado holístico e preventivo. Logo, relacionado ao manejo das doenças crônicas é visto que a abordagem da dor lombar nesta modalidade terapêutica tem ganhando destaque baseado em evidências científicas.

 

No contexto das intervenções pautadas pela da PNPIC relacionadas ao manejo da dor lombar identifica-se na literatura científica estudos variados, principalmente referentes à Medicina Tradicional Chinesa (MTC), método descrito como um sistema de saúde milenar baseado na teoria fundamental do equilíbrio entre yin e yang, cinco elementos básicos e uma relação entre os seres humanos e a natureza. Engloba diversas terapias como práticas corporais (lian gong, chi gong, tuina, tai chi chuan), práticas mentais (meditação), orientação alimentar e uso de plantas medicinais (fitoterapia tradicional chinesa), contudo a acupuntura é o representante típico da MTC.

 

De acordo com a revisão sistemática de Yuan et al. (2015), que teve por objetivo revisar e analisar os dados existentes sobre dor e incapacidade nos tratamentos da MTC para dor cervical crônica e dor lombar crônica, no qual foram incluídos 75 ensaios clínicos randomizados, envolvendo 11077 sujeitos que variaram de 17 a 90 anos, sendo a maioria dos participantes do sexo feminino. Dentre as diversas terapias encontradas no estudo, três obtiveram maior destaque, sendo elas a acupuntura, acupressão e ventosaterapia (cupping). Foi encontrado que estas terapias poderiam ser eficazes na dor e incapacidade em curto prazo e outros tratamentos como o gua sha, tai chi, qigong, mostraram efeitos positivos, mas não foi possível obter conclusões definitivas, sendo necessários novos estudos. Nenhum efeito adverso grave foi encontrado, contudo, visto a escassez de estudos e boa qualidade metodológica, foi proposto que a MTC possa ser utilizada como complemento a outras terapias.

 

Zeng e Chung (2015) realizaram um estudo que objetivou resumir e avaliar as revisões sistemáticas referentes à eficácia clínica, custo-efetividade e segurança do uso da acupuntura para o manejo da dor lombar crônica inespecífica, em que foram incluídas para análise publicações em inglês e chinês entre os anos de 2003 a 2014. Foi identificado que parece haver forte evidência para a eficácia e moderada evidência de custo-efetividade para o uso da acupuntura no tratamento da dor lombar crônica inespecífica em comparação com nenhum tratamento/lista de espera ou outras modalidades de tratamentos passivos, sendo estatisticamente eficaz e podendo ser considerada uma das opções de tratamento.

 

De uma forma geral, percebe-se a aplicabilidade da PNPIC por meio de uma abordagem centrada na Medicina Tradicional Chinesa, principalmente por meio da acupuntura, para resultados positivos no manejo da dor lombar crônica. Sendo uma estratégia benéfica que vem sendo incorporada no âmbito da atenção primária, relacionada à prevenção de agravos e doenças, promoção e recuperação da saúde e também com a finalidade de promover um cuidado humanizado, integral e melhorar a qualidade de assistência à saúde.

 

Você já experimentou alguma dessas técnicas? Sabe onde pode ter acesso? Existem locais, como o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura que oferece aulas de Tai Chi Chuan gratuitas e abertas a todo o público interessado, sendo a prática indicada para todas as idades, inclusive para idosos. Não deixe de experimentar!

 

 

REFERÊNCIAS

 

CONTATORE, Octávio Augusto et al. Uso, cuidado e política das práticas integrativas e complementares na Atenção Primária à Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, [s.l.], v. 20, n. 10, p.3263-3273, out. 2015. FapUNIFESP (SciELO). https://dx.doi.org/10.1590/1413-812320152010.00312015.

 

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política nacional de práticas integrativas e complementares no SUS : atitude de ampliação de acesso – 2. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015.

 

Yuan Ql, Guo Tm, Liu L, Sun F, Zhang Yg (2015) Traditional Chinese Medicine for Neck Pain and Low Back Pain: A Systematic Review and Meta-Analysis. PLOS ONE 10(2): e0117146. doi: 10.1371/journal.pone.0117146

 

ZENG, Yingchun; CHUNG, Joanne Wai-yee. Acupuncture for chronic nonspecific low back pain: An overview of systematic reviews. European Journal Of Integrative Medicine, [s.l.], v. 7, n. 2, p.94-107, abr. 2015. Elsevier BV. https://dx.doi.org/10.1016/j.eujim.2014.11.001.

 

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   Nós resolvemos começar o ano encarando um desafio grande que é considerado um dos maiores na saúde em nosso país. Sim, estamos falando da dor crônica – em nosso caso, especificamente a dor crônica musculoesquelética. Sim, também sabemos que escutamos a respeito dela nas faculdades, nos consultórios, nas pesquisas ou até mesmo na nossa casa, afinal quem não conhece uma “Maria das Dores”. Então resolvemos começar um projeto para que essa roda de conversa alcance o vizinho. Queremos estudar a dor crônica, entender os mecanismos fisiopatológicos e comportamentais associados a ela, assim como as incapacidades e funcionalidades observadas com ela mas, além disso, queremos traduzir os achados do que lemos e fazemos para a população de Fortaleza. Somos do curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Ceará e queremos alcançar aquela pessoa que diz ter dor nas costas, nas juntas, nos quartos e outros cômodos e não sabe bem como agir diante disso. Tanto não sabem que muitos ficam parados por aí, com medo do que ela pode virar e seguem, parados, esperando por acesso a saúde, por possíveis tratamentos que demoram a chegar e, quando chegam, já estão diante de um quadro bem mais complexo de ser encarado. “Não vou fazer isso porque dói”; “melhor ficar quieto que passa”; “Ah, antes eu fazia de tudo, mas agora eu tenho medo de fazer e piorar”... são frases comuns que escutamos. Sabemos que a dor não pode ser encarada simplesmente assim. Já conhecemos também os benefícios do movimento (bem) orientado para melhora da funcionalidade daquele que sente dor crônica – como a literatura já tem informações importantes sobre isso! Mas como passar isso para o vizinho, ah, sim, aí nosso desafio ganha outro tamanho. Como traduzir a informação científica para que ele entenda? Como avalia-lo e saber qual a necessidade do seu sistema corporal? Como fazê-lo aderir às recomendações propostas para seu perfil? E, finalmente, como podemos ajudar nosso sistema de saúde a descomplicar um pouco a dor? Ah, essa desafio é bastante desafiador! E como se já não bastasse, queremos transmitir o conhecimento aos quatro cantos do mundo através deste blog. Multiplicar os benefícios deste projeto e promover mais saúde para quem nos lê. Vem com a gente? Movimente-se! 

Projeto Movimento

Nossa equipe

RAFAELA FERREIRA ALVES

Acadêmica do Curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Ceará (UFC); Extensionista do Projeto Movimento
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Fabianna Resende de Jesus Moraleida

Fisioterapeuta, Doutoranda do programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação pela Universidade Federal de Minas Gerais, possui o título de mestre pelo mesmo programa (2009), com ênfase em Desempenho Motor e Funcional Humano. Possui especialização em Ortopedia e Esportes (2007) e graduação em...
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Ana Carla Lima Nunes

  Professora Assistente do Curso de Fisioterapia, Faculdade de Medicina (UFC). Graduada em Fisioterapia pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Especialista em Terapia Manual e Postural, Cesumar (PR), Osteopata pela Escola de Osteopatia de Madri (sede Campinas/SP), Mestre em Fisioterapia -...
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