Entrevista com o Fisioterapeuta Gabriel Leão

Gabriel Peixoto Leão Almeida

Graduado em Fisioterapia pela Universidade de Fortaleza (2009), Especialista (pós-graduação) em Fisioterapia no Esporte pela Universidade Federal de São Paulo  (2011) e Mestre pelo programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM/USP). Atualmente, é professor efetivo do Curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Ceará. Principais áreas de atuação: Reabilitação e prevenção de lesões esportivas, Ligamento Cruzado Anterior, Síndrome da Dor Patelofemoral, Reabilitação de cirurgias ortopédicas, Ombro do atleta, Dor lombar, Fisioterapia Manual e Avaliação Funcional

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1. Projeto Movimento: O senhor tem interesse em trabalhar com dor crônica? Qual é o grande desafio desta área para o senhor?                     

Dr. Gabriel: Acredito que todo fisioterapeuta, principalmente os voltados para a área neuromusculoesquelética, precisam saber lidar com a dor. A principal queixa dos pacientes que nos procuram é a dor, por isso temos que estar capacitados para tratá-la. O paciente com dor crônica chega ao consultório com muito receio, pois grande parte já passou por vários tratamentos e não alcançaram o sucesso esperado, diminuindo suas esperanças quanto sua melhora. Dessa forma, inicialmente nosso grande desafio é traçar metas e objetivos específicos para cada paciente, garantindo que o tratamento proposto evolua de forma satisfatória sempre dentro das capacidades e limitações de cada um.

2.Projeto movimento: Como fisioterapeuta, uma das queixas mais frequentes que o senhor deve ter ouvido dos pacientes foi dor. O senhor tem alguma experiência interessante com paciente que sofria de dor crônica que poderia contar para a gente, falando um pouco sobre era sua abordagem com ele?

Dr. Gabriel : (Respeitando questões éticas, foi decidido pelo entrevistado não citar um caso específico, mas relatou já haver entrado em contado com dor e disfunções da coluna lombar em  clínica especializada em São Paulo, onde era apresentado grande número de pacientes com dor lombar crônica que já vinham de uma série de tratamentos e não obtinham resultados.) Sempre foi um desafio tratar a dor desses pacientes, era na avaliação que eu precisava ganhar a confiança deles e que eles recuperassem a confiança em si mesmos.. A avaliação não era pautada apenas nos sinais clínicos, mas também nos relatos fornecidos, em que era possível perceber fatores externos - algum momento de estresse que o paciente estivesse vivendo ou outras situações que possam gerar instabilidades emocionais – que influenciavam na intensidade da dor . Além disso, nossa abordagem terapêutica era pautada na orientação do paciente. Eram passadas informações adequadas de como o paciente deveria exercer suas atividades diárias em seu ambiente domiciliar e laboral, partindo do pressuposto que, ainda que tivermos a melhor abordagem terapêutica possível, isso ocorreria apenas duas ou três vezes por semana, totalizando três horas por semana , porém nas demais horas dos dias, ele estará passível de gerar sobrecargas articulares e musculares desnecessárias,. Portanto, é tão importante e necessária a orientação adequada desse paciente, quanto o tratamento fisioterapêutico.

 

3.Projeto Movimento: Existem muitas técnicas na área de atuação da Fisioterapia que possuem efeitos importantes para reduzir dor. Sabendo que o senhor possui formação em terapia manual, que é uma forma de tratamento que consiste na utilização de técnicas manuais para tratar o paciente, gostaríamos de saber como a Terapia Manual pode ajudar no tratamento da dor crônica.

Dr. Gabriel: A terapia manual me remete à base da fisioterapia. O fisioterapeuta, independente da área que for trabalhar, tem que saber trabalhar com as mãos, e isso obviamente engloba a terapia manual. A terapia manual é umas das técnicas mais antigas que se tem na fisioterapia, mas ao mesmo tempo é uma das mais modernas, pois está sempre sendo alvo de muitas pesquisas científicas.  Atualmente, existem várias técnicas de terapia manual ao acesso do fisioterapeuta, e a meu ver não existe nenhuma que seja superior. O que existe é um fisioterapeuta experiente que realiza uma avaliação criteriosa e consegue identificar qual estrutura é a causadora da dor (ou disfunção) e dentro do seu arsenal terapêutico indicar a melhor técnica para cada caso. Lembrem-se que a terapia manual é mais uma das vertentes que temos para seguir, não a vejo como soberana, utilizo nos meus pacientes, mas não negligencio a possibilidade de utilizar outras técnicas.  Por exemplo, já tive casos de não conseguir evoluir com o paciente, e no momento em que adicionei o TENS na linha terapêutica melhorei consideravelmente o quadro dele. Por isso, sempre utilizo a terapia manual aliada a exercícios terapêuticos, exercício de estabilização, fortalecimento e, se necessário com eletrotermofototerapia.

 

4.Projeto Movimento: O senhor é especialista em Fisioterapia no Esporte, e a gente sabe que atletas sofrem lesões o tempo todo e que eles necessitam de uma recuperação rápida para do indivíduo, quando associadas possibilitam uma continuidade, não restringindo os ganhos, voltarem às suas atividades. Como é lidar com a dor no atleta? E qual o diferencial em tratar a dor crônica nele quando comparamos com o tratamento da dor no paciente não atleta?

Dr. Gabriel: Realmente existe um grande diferencial quando se trabalha com dor em atletas e não atletas. A linha que separa um atleta de alta performance do desenvolvimento de uma lesão é muito tênue. Se ele não atinge essa linha ele estará abaixo de sua capacidade e não vai conseguir um índice olímpico ou ser titular do seu time, já se ele passa dessa linha, acaba com uma sobrecarga articular e/ou muscular e desenvolve uma lesão. Outro grande diferencial do atleta é a pressão que o fisioterapeuta recebe. Começando pelo departamento médico, comissão técnica, além da pressão por parte dos patrocinadores, da família e do próprio atleta.  Por isso, nós temos que ter conhecimento e capacidade para tratar esse atleta da melhor forma e no menor espaço de tempo possível, garantindo que não ocorra recidiva.

      5. Projeto Movimento: Qual conselho o senhor poderia dar para as pessoas que sofrem de dor crônica musculoesquelética que leem este blog?

Dr. Gabriel: Primeiramente gostaria de dizer que NÃO DESISTAM! Informem-se, pois a informação será sua grande aliada nessa batalha contra a dor. Quanto temos conhecimento do que está acontecendo conosco conseguimos evitar fatores perpetuantes da dor crônica e lidar com isso de uma forma melhor no nosso dia a dia. Outro conselho é Movimentem-se, Movimento o é saúde, Movimento é qualidade de vida.  Para pacientes com dor crônica o exercício terapêutico melhora a auto-estima e ajuda na socialização, além de permitir trocas de experiências com outras pessoas que estão passando pelo mesmo problema. Resumindo, meu conselho é que os pacientes busquem ORIENTAÇÃO, tenham PERSEVERANÇA e pratiquem ATIVIDADE FÍSICA!

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   Nós resolvemos começar o ano encarando um desafio grande que é considerado um dos maiores na saúde em nosso país. Sim, estamos falando da dor crônica – em nosso caso, especificamente a dor crônica musculoesquelética. Sim, também sabemos que escutamos a respeito dela nas faculdades, nos consultórios, nas pesquisas ou até mesmo na nossa casa, afinal quem não conhece uma “Maria das Dores”. Então resolvemos começar um projeto para que essa roda de conversa alcance o vizinho. Queremos estudar a dor crônica, entender os mecanismos fisiopatológicos e comportamentais associados a ela, assim como as incapacidades e funcionalidades observadas com ela mas, além disso, queremos traduzir os achados do que lemos e fazemos para a população de Fortaleza. Somos do curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Ceará e queremos alcançar aquela pessoa que diz ter dor nas costas, nas juntas, nos quartos e outros cômodos e não sabe bem como agir diante disso. Tanto não sabem que muitos ficam parados por aí, com medo do que ela pode virar e seguem, parados, esperando por acesso a saúde, por possíveis tratamentos que demoram a chegar e, quando chegam, já estão diante de um quadro bem mais complexo de ser encarado. “Não vou fazer isso porque dói”; “melhor ficar quieto que passa”; “Ah, antes eu fazia de tudo, mas agora eu tenho medo de fazer e piorar”... são frases comuns que escutamos. Sabemos que a dor não pode ser encarada simplesmente assim. Já conhecemos também os benefícios do movimento (bem) orientado para melhora da funcionalidade daquele que sente dor crônica – como a literatura já tem informações importantes sobre isso! Mas como passar isso para o vizinho, ah, sim, aí nosso desafio ganha outro tamanho. Como traduzir a informação científica para que ele entenda? Como avalia-lo e saber qual a necessidade do seu sistema corporal? Como fazê-lo aderir às recomendações propostas para seu perfil? E, finalmente, como podemos ajudar nosso sistema de saúde a descomplicar um pouco a dor? Ah, essa desafio é bastante desafiador! E como se já não bastasse, queremos transmitir o conhecimento aos quatro cantos do mundo através deste blog. Multiplicar os benefícios deste projeto e promover mais saúde para quem nos lê. Vem com a gente? Movimente-se! 

Projeto Movimento

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Fabianna Resende de Jesus Moraleida

Fisioterapeuta, Doutoranda do programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação pela Universidade Federal de Minas Gerais, possui o título de mestre pelo mesmo programa (2009), com ênfase em Desempenho Motor e Funcional Humano. Possui especialização em Ortopedia e Esportes (2007) e graduação em...
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Ana Carla Lima Nunes

  Professora Assistente do Curso de Fisioterapia, Faculdade de Medicina (UFC). Graduada em Fisioterapia pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Especialista em Terapia Manual e Postural, Cesumar (PR), Osteopata pela Escola de Osteopatia de Madri (sede Campinas/SP), Mestre em Fisioterapia -...
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