Entrevista com a Fisioterapeuta Vilena Figueiredo
21/08/2014 08:18
Vilena Figueiredo Xavier
Possui graduação em Fisioterapia pela Universidade de Fortaleza (1990) e Mestrado em Patologia pela Universidade Federal do Ceará (2005). Atualmente é Professora Assistente I do Curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Ceará e compõe o corpo docente do Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Atenção Hospitalar à Saúde da Mulher e da Criança da Universidade Federal do Ceará. , atuando principalmente nos seguintes temas: fisioterapia, artrite reumatóide, fibromialgia, disfunções uroginecológicas
Projeto Movimento: Sabemos que a artrite reumatoide é uma condição crônica assim como a fibromialgia e que ambas geram dor crônica. Como é feita a abordagem da dor crônica nessas condições
Dra. Vilena: A dor parece ser um aspecto em comum nas doenças reumáticas, entretanto o limiar e a percepção da mesma parecem assumir padrões diferenciados em função das diferentes patologias reumáticas. É importante ressaltar que a abordagem deve ter como objetivo não somente o controle da dor, mas também deve contemplar a melhora da capacidade funcional. Nesse contexto destacam-se as medidas educativas que visam adoção de comportamentos que direcionem o paciente a uma condição saudável.
Projeto Movimento :Qual a relevância da dor crônica na vida do paciente reumático?
Dra. Vilena : Nos últimos anos, a repercussão das doenças sobre as diversas dimensões da vida dos pacientes com doenças crônicas tem sido discutida em vários estudos. Em Reumatologia, esse aspecto é importante, visto que o comprometimento do sistema musculoesquelético com seus sintomas dolorosos pode levar à incapacidade funcional, alterando a realização das atividades da vida diária e levando à diminuição da qualidade de vida dos pacientes.
Projeto Movimento : Vamos falar do ato de movimentar-se. Gostaríamos de saber sua opinião sobre o movimento em pacientes com dor crônica musculoesquelética.
Dra. Vilena : Os exercícios são reconhecidos como a principal estratégia para a melhora da funcionalidade e consequentemente da qualidade de vida. É importante levar em conta os limites da dor e fadiga, dentre outros aspectos terapêuticos. O movimento deve fazer parte do estilo de vida do paciente.
Projeto Movimento: Quais aspectos você considera importante para a qualidade de vida de um indivíduo com dor crônica?
Dra. Vilena: Sabemos que o termo “qualidade de vida” é muito amplo e encontra-se intimamente ligado à saúde, referindo-se a vários aspectos que podem estar relacionados às diferentes percepções, às crenças, às expectativas individuais e às condições físicas, psicológicas e sociais. É importante motivar o paciente estimulando-o a buscar hábitos de vida mais saudáveis incluindo nesse contexto a realização de exercícios regulares, alimentação adequada, qualidade do sono, melhora da postura, dentre outros.
Projeto Movimento: Sabemos que você atua com pacientes com fibromialgia e artrite reumatoide, que são doenças crônicas. Gostaríamos de saber como um diagnóstico precoce possibilita o melhor tratamento da dor crônica nesses casos.
Dra. Vilena: A fibromialgia e a artrite reumatoide representam um constante desafio, a primeira, caracterizada por dores musculoesqueléticas difusas, dor à palpação em locais específicos, distúrbios do sono, fadiga, cefaleia crônica, alterações psicológicas e intestinais e a segunda, com suas manifestações sistêmicas e articulares. Dessa forma, esse desafio constantemente nos impulsiona com novas e estimulantes questões. Um profundo conhecimento sobre essas condições, seus diagnósticos e progressões são essenciais para avaliar e ponderar sobre as intervenções necessárias e contribuir para diminuir o impacto destas na vida dos pacientes, melhorando sua qualidade de vida.
Projeto Movimento: Como a Fisioterapia pode atuar ajudando pessoas que tem dor crônica? Fale-nos um pouco da sua experiência com este público.
Dra. Vilena : O papel da Fisioterapia no atendimento a esses pacientes é um aspecto fundamental e gera a necessidade de identificar corretamente as necessidades e metas para que esse tratamento seja efetivo. Os exercícios terapêuticos constituem o principal recurso fisioterapêutico na melhora funcional de pacientes com dor crônica. O tratamento a esses pacientes inclui os exercícios aeróbicos, os alongamentos musculares, treino de força, hidroterapia e as terapias manuais. Também podem ser utilizados os recursos eletrotermofototerápicos ressaltando-se que devemos observar certos cuidados na escolha desses recursos enfatizando-se a necessidade de associa-los aos exercícios para que ocorra a melhora da sintomatologia. Minha experiência no atendimento a pacientes com dor crônica foi principalmente com o paciente reumático. Nesses atendimentos sempre procurei observar as individualidades de cada paciente e priorizar uma adequada avaliação funcional, priorizando também a educação em saúde como parte integrante do tratamento. Essas orientações devem permitir uma melhor compreensão de sua doença e maior controle sobre a dor, além de facilitar adesão ao tratamento.