Dor na infância e adolescência: Uma questão do presente e do futuro
Olá amigos do Movimento!! Você já deve ter escutado falar que crianças e adolescentes são o futuro do nosso país, mas você já parou para observar como vai a saúde musculoesquelética nesta faixa etária? Será que essa população jovem já sofre com dor nas costas?
Dados da Organização Mundial de Saúde mostram que a dor lombar é segunda condição responsável por incapacidade entre adolescentes de 15-19 anos e que a dor no pescoço é classificada como a oitava condição mais incapacitante, superando problemas bem conhecidos como asma, álcool, uso de drogas e acidentes em rodovias. Estudos mostram que existe uma associação entre dor na adolescência e dor crônica em adultos no futuro e que a taxa de relato de dor musculoesquelética em adolescentes é semelhante a mesma taxa em adultos (KAMPER et al., 2016).
No Brasil, um estudo epidemiológico recente envolvendo 1597 meninos e meninas com idade entre 11 e 16 anos, concluiu que escolares do ensino fundamental apresentam alta incidência de dor nas costas (55,7%) . Alguns fatores foram associados a maior prevalência como sexo feminino, baixa frequência semanal de exercício físico (um a dois dias por semana), crianças cujos pais também apresentam dor nas costas, e aqueles que passam longos períodos (mais de oito horas por dia) assistindo televisão, lendo ou estudando na cama, e adotando uma postura imprópria ao realizar atividades diárias, incluindo dormir, sentar para escrever ou usar o computador, assim como carregando materiais escolares (NOLL et al., 2016).
Já temos descrito também na literatura que existe relação entre dor nas costas e a forma como os materiais escolares são transportados. Transportar mochilas de forma assimétrica, por exemplo, carregá-la em um ombro só está associada com dor nas costas. Além disso, é preciso considerar o peso dessa mochila (idealmente não se deve exceder 10,0% do peso corporal da criança) (SKOFFER, 2007).
Como sabemos, os hábitos desenvolvidos na adolescência acompanham a vida adulta. A experiência de dor musculoesquelética em crianças tem consequências na própria infância, mas pode ser ainda mais importante em seu futuro. Diante desse quadro, a busca precoce de estratégias de prevenção e acompanhamento da saúde musculoesquelética de crianças e adolescentes é fundamental para evitar incapacidade presente e futura.
Nesse contexto, a fim de investigar medidas preventivas para a dor nas costas em crianças e adolescentes, uma revisão realizada a partir de 23 estudos com crianças e jovens de 7 a 21 anos, a maioria dos indivíduos em idade escolar, encontrou que o tratamento fisioterapêutico preventivo pode ser bastante eficaz se combinar a educação postural do paciente, o treinamento de hábitos posturais saudáveis e a prática de exercícios/atividade física (CALVO-MUÑOZ et al., 2012).
Dessa forma, observando o cenário de dor musculoesquelética na população infanto-juvenil e nas demais fases da vida, fica bastante claro que é importante entender e abordar cada vez mais e melhor essa condição ao longo dos ciclos da vida.
Leia mais em:
CALVO-MUÑOZ, Inmaculada et al. Preventive physiotherapy interventions for back care in children and adolescents: a meta-analysis. BMC Musculoskeletal Disorders, 2012, 13:152.
KAMPER, Steve J. et al . Musculoskeletal pain in children and adolescents. Braz. J. Phys. Ther., São Carlos , v. 20, n. 3, p. 275-284, June 2016 .
NOLL, Matias et al.Back pain prevalence and associated factors in children and adolescents: an epidemiological population study.Rev. Saúde Pública [online]. vol.50, n.31, 2016.
SKOFFER, Birgit. Low back pain in 15-to 16-year-old children in relation to school furniture and carrying of the school bag. Spine, v. 32, n. 24, p. E713-E717, 2007.